Se o título deste artigo chamou sua atenção é porque você tem ou está avaliando a possibilidade de ter novos sócios em seu negócio.
A primeira reflexão que fazemos é o que levaria um empresário a dividir parte de sua empresa com outra pessoa? Injetar capital para investimentos, trazer um profissional com conhecimentos complementares e diferente bagagem de mercado para a empresa? Possibilitar um crescimento do negócio mais acelerado? Ou mesmo, dividir a responsabilidade com outra pessoa para ter mais disponibilidade de tempo? As razões são muitas.
Seja qual for a motivação, este movimento não é simples e requer atenção.
Avaliar bem a pessoa que vai dividir a jornada empresarial antes de assinar o contrato de sócios é uma prática que sempre recomendo. Mesmo que seja alguém próximo.
Amizade e laços familiares não significam que os estilos de gestão e forma de pensar estejam alinhadas. Sociedades malsucedidas também podem distanciar amigos de longa data e parentes queridos. E esta preocupação existe de ambos os lados.
Acompanhando de perto muitos empresários e empresas, tenho recomendado que as partes estabeleçam um contrato de experiência entre sócios, onde as regras estejam claras se decidirem não seguir em frente com a sociedade.
A primeira etapa envolve o alinhamento das expectativas e discussão dos termos de dissolução do acordo de Test-drive, no caso de não dar certo. É mais fácil debater estes temas quando a relação entre os envolvidos é boa, não quando já existem rugas.
E este contrato de experiência chama-se Memorando de Entendimentos. Nele, é previsto um prazo para que as partes possam avaliar se a junção é viável sem que haja impactos significativos em termos de investimentos, tempo ou complexidade para desfazerem o acordo.
Prever neste acordo os deveres, responsabilidades, limites e alçadas é imprescindível. Muitos sócios acabam se desentendendo quando há zonas cinzentas nos papéis de cada um.
As partes entram no negócio mais seguras e bem menos expostas a situações de conflito quando as regras estão claras.
A fase inicial do “casamento” requer dos novos sócios uma dinâmica intensa de alinhamento. Pontos de conflitos tornam-se distrações para o objetivo final – Gestão do Negócio. O Memorando de Entendimentos direciona melhor estes primeiros dias, já que muitos pontos já foram definidos previamente.
E quando o “divórcio” é inevitável, o acordo prévio torna o processo bem mais simples e rápido. Reduz o stress entre as partes. A expressão “o que é combinado não sai caro” respalda a dissolução do Test-drive.
Costumo dizer que esta prática, quando bem estruturada, elimina o subjetivismo e eventuais interpretações das partes. E quando o assunto é dinheiro, não devemos dar espaço para ambos.
Resolver judicialmente sai bem mais caro e infinitamente mais dolorido.
Sandra Brandão
Advogada e Sócia da BOG Advogados
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